Expulsos do PS esperam que Seguro corrija "injustiças"
"Os injustiçados serão reabilitados com esta direcção", afirmou Jaime Resende, militante de Matosinhos expulso no verão do ano passado.
No seu entender, o PS expulsou mais de 100 militantes em Matosinhos (entre os quais Narciso Miranda, ex-autarca local) aplicando critérios diferentes, porque apenas "os militantes eleitos efectivos (como independentes) foram saneados".
Para Jaime Resende, "algum dia António José Seguro terá que responder" aos militantes a quem foi aplicada uma sanção disciplinar, considerando que "talvez depois do Congresso Nacional [de 09 a 11 de Setembro] isso seja possível".
Júlio Vasconcelos, fundador do PS em Matosinhos, afirmou à Lusa ter reclamado da "notificação que apontava para a expulsão" do partido, no ano passado, mas como nunca recebeu resposta acabou por se "marimbar" para o caso.
"As expulsões visaram afastar os indesejáveis, num processo miserável", disse, acrescentando não ter sido "um dissidente mas um divergente" ao ter apoiado nas autárquicas de 2009 a candidatura independente da "Narciso Miranda, Matosinhos Sempre".
João Lorival, militante do PS que afirmou à Lusa apenas ter recebido uma carta, em Janeiro de 2010, dando conta que tinha sido suspenso do partido, considerou que "seria bom que o PS se unisse e que acabasse com as feridas".
No seu entender, sob a liderança de António José Seguro é possível que "haja uma amnistia ou que seja feita justiça", porque as sanções disciplinares aplicadas a militantes aconteceram através de "processos sumários, sem ninguém ser ouvido".
A mesma opinião tem Domingos Paulo Silva, militante socialista de Amares, suspenso "sine die" apesar de lhe ter sido aplicada em 2010 uma pena de suspensão de 60 dias.
Domingos Paulo Silva, que apoiou a candidatura de José Barbosa, que nas eleições de Outubro de 2009 passou de presidente socialista a presidente independente, afirmou acreditar que "António José Seguro vai resolver a situação".
Em Amares, precisou, os 12 militantes que foram suspensos por 60 dias e que continuam a não aparecer nos cadernos eleitorais da concelhia nunca reclamaram por considerarem que "as coisas poderiam mudar no PS" e tencionam abordar o novo líder, após o Congresso Nacional do PS, a decorrer entre 09 e 11 de Setembro, em Braga, acreditando que "a situação vai ser restabelecida".
A Comissão Nacional de Jurisdição (CNJ) do PS, cujo mandato termina no congresso de Setembro, continua sem responder às dezenas de militantes que foram expulsos e que apresentaram recurso à sanção disciplinar aplicada.
Jaime Resende, deputado independente na Assembleia Municipal de Matosinhos, afirmou à Lusa que a associação "Narciso Miranda Matosinhos Sempre" recorreu da expulsão de cerca de "90 militantes do PS", através de sete advogados.
"Estamos até hoje sem resposta, um bocadinho como o retrato em que o país ficou", sublinhou Jaime Resende, lamentando a atitude do PS.